O amor consciente centra-se no coração.
Não no órgão que temos no centro do peito, que contrai, dilata e bombeia sangue de vida. Não nos coraçõezinhos que decoram cartões e mensagens quantas vezes de mau gosto.
O coração amor é outro.
É o centro de um determinado tipo de energia. E porque o amor é um fluxo energético não o possuímos e, por mais que nos custe, tampouco possuímos o objecto do nosso amor. O amor como conceito energético é consciência e está presente em todas as práticas espirituais. É a experiência suprema da energia.
No concreto, viver o amor consciente é amar sem muros de proteção e sem medo; é poder rir, chorar e contar os segredos sem culpa ou vergonha num espaço de segurança e confiança que abre o coração e lhe permite assumir o risco de ser ferido ou rejeitado.
Quando conseguimos este nível de profundidade e conexão, não há conversa ou silêncio desconfortável, não há quartos vazios ou cantos escuros.
Este é o amor para que tendemos.
Mas para sermos capazes de dar e receber esse tipo de amor, temos que ter previamente feito o “nosso trabalho”.
Precisamos ter escancarado, olhado e curado feridas de abandono e rejeição. De outra maneira muros serão levantados, fortalezas serão erguidas, máscaras serão colocadas, armaduras serão construídas. Para quê? Para “defesa”e por medo de voltar a sofrer de abandono, rejeição, humilhação.
Precisamos ter investigado, posto em causa e alterado crenças limitantes, vergonhas, culpas e tabus que nos possam estar a atrapalhar a nossa livre expressão emocional, intelectual e sexual.
Precisamos sentir-nos em completude quando estamos sós ou com companhia. Precisamos aprender a estar sós, sem sentir solidão. Quando já não tivermos necessidade de alguém para nos sentirmos complet@s e felizes, quando não houver dependência mútua, serão “duas laranjas inteiras” que estarão preparad@s para gostar de uma forma mais salutar.
Só então podemos amar sem apego e sem medo. Só então podemos amar a partir das profundezas da nossa alma.
E haja quem diga que isto é fácil.
Não é.
Quantas vezes não vimos já pessoas ditas “evoluídas” propalar este tipo de amor e tropeçar nas esquinas barrentas de um ego, afinal ainda cativo de uma cultura milenar de domínio e apego.
Não é fácil.
Mas é uma conquista a que nos podemos propor porque viver o amor consciente é aceder a uma experiência integral a nível físico, emocional e espiritual.