Hoje trago aqui um tema prevalente nas mulheres menopáusicas:
a sexualidade.
Há um caminho a fazer na educação. Uma tomada de consciência pessoal, social e cultural de que a sexualidade é parte integrante da psique humana, que se expressa ao longo de toda a vida e que não é limitada pela idade.
Observamos, no entanto, que em muitos manuais de sexologia, a sexualidade das mulheres nesta idade foi virtualmente omitida porque era (e ainda é) largamente assumido que já não têm desejo nem vidas sexuais activas.
Acontece que a chegada da menopausa NÃO dita a despedida do sexo!
Nessa altura, a mulher despede-se da sua capacidade reprodutora, mas não da sua capacidade de continuar a aceder ao prazer! Tanto assim que mulheres na casa dos 60 e 70 começam a falar do seu prazer no sexo, afirmando o seu desejo de interacção sexual.
Estudos feitos em vários países mostraram que as mulheres valorizam muito a intimidade sexual nos seus relacionamentos, que a maioria continua a ser sexualmente activa por toda a sua vida e que o sexo, na fase madura da vida da mulher, pode até ser melhor.
Aquilo que faz com que o sexo fique melhor é a confiança, a segurança, a autonomia, a liberdade de se mostrar como é sem os constrangimentos de estar a obedecer a um “papel” ou de ter que mostrar um dado desempenho. A sua maturidade permite-lhe ser mais espontânea, verdadeira e isso se repercute-se no sexo.
Com a vantagem da ausência de períodos e sem o perigo da gravidez a espreitar, o tempo de qualidade que a idade lhes pode trazer, a ausência de stresse dos dias a correr entre obrigações, o empoderamento emocional, sexual e espiritual, o sexo pode ficar mais relaxado e espontâneo nesta nova fase.
Por outro lado a diminuição do estrogénio pode levar a várias mudanças no corpo, entre elas a secura vaginal, o que pode tornar a relação sexual desconfortável ou dolorosa. No entanto a boa notícia é que, regra geral, este problema pode ser resolvido com soluções simples, como lubrificantes; alimentação rica em ácidos essenciais gordos como sardinhas, sementes, beldroegas; água; exercícios pélvicos diários para tonificar o tecido vaginal; e…orgasmos pelo menos uma vez por semana!
Outros problemas sexuais comumente relatados por mulheres após a menopausa estão relacionados com a falta ou diminuição do desejo e interesse sexual.
Na menopausa, com as mudanças na aparência física, algumas mulheres podem sentir-se desconfortáveis e estranhas no seu corpo e essa insatisfação corporal pode afectar tremendamente a sua autoestima pessoal, relacional e sexual. Vulneráveis e alarmadas pelo aparecimento de rugas, estrias, pela perda de elasticidade, pela força da gravidade, eventualmente aventuram-se em intervenções estéticas intrusivas na esperança de evitar ou atrasar os sinais da passagem do tempo. E, com medo de serem pouco apreciadas ou mesmo rejeitadas podem até evitar qualquer actividade sexual.
Há coisas na vida que são irreversíveis. O ciclo da própria vida é um deles. E desse ciclo faz parte a menopausa. E, se é um facto que nós não temos controle sobre a nossa biologia e a inevitável chegada da menopausa, podemos certamente escolher a atitude emocional e mental face a ela, bem como as novas significâncias e oportunidades que ela nos pode trazer.
Nas palavras de Barbara Grufferman:
“Depois dos 50, estamos numa encruzilhada sexual e precisamos fazer uma escolha: podemos passar pela menopausa, fechar essa parte de nós mesmas, trancar a porta e jogar a chave fora. Ou podemos abraçar essa nova vida com sensação de liberdade e diversão.”
Qual é a sua escolha?