ORGASMO FEMININO

Uma das coisas que mais mal fez à sexualidade feminina foi a crença generalizada de que o equivalente ao pénis na mulher é a vagina. Isso pode parecer lógico se o sexo for pensado do ponto de vista masculino e reprodutivo.

Se definirmos o sexo como penetração, comportamento essencial para a procriação, a vagina seria considerada o principal órgão feminino porque é a passagem para a concepção.

Se o sexo for definido como prazer, a vagina já não é mais a principal fonte da sexualidade feminina. O clítoris é o principal órgão de prazer sexual.

De facto, a maioria das mulheres alcançam o orgasmo mediante  a estimulação directa ou indirecta do clítoris.

65 a 85 por cento das mulheres precisa de estimulação directa do clítoris para atingir o orgasmo.

No princípio do sec XX , Sigmund Freud, o pai da psicanálise, postulava que o orgasmo clitoriano era infantil e que a mulher alcançava a sua maturidade sexual quando atingia o clímax por via vaginal.

Seria cerca de meio século depois que o biólogo Alfred Kinsley poria em causa a teoria de Freud, assinalando a importância do clítoris para o orgasmo feminino. Explicou que o coito não é a forma mais adequada para provocar o nosso orgasmo. Na década de 1960, a dupla de investigadores Mastters e Johnson estudaram milhares de coitos e práticas masturbatórias e destacaram a importância do clítoris.

Todavia, ainda hoje demasiadas mulheres se sentem incompletas por não conseguirem atingir o orgasmo vaginal e muitos homens questionam a sua virilidade porque os orgasmos das suas parceiras não são pela “via regulamentar”.

Preliminares e cópula. Este é o modelo de sexualidade dominante. Calcula-se que entre 90 a 95 vezes em cada 100 as relações heterossexuais acabam em cópula apesar de não ser a melhor forma de as mulheres alcançarem o orgasmo.

Sexo e coito NÃO são sinónimos.

Ultrapassar esse conceito falso é vital para que mulheres e homens se entendam melhor e sejam sexualmente mais felizes.

Não havendo modelo, pode-se agir de acordo com o momento, a vontade e as preferências de cada um em cada encontro.

Os cientistas que investigam os nossos orgasmos desconhecem de quantas maneiras os podemos obter. Além do clítoris há outras portas de acesso como o ponto G e o cérvix e há também outras formas de alcançar o orgasmo que nem sequer têm a ver com os genitais.

Há testemunhos de mulheres – poucas, mas existem- que referem que chegam ao prazer só por lhes acariciarem certas partes do corpo e há também quem não necessite de estímulos físicos: um sonho erótico ou uma fantasia podem ser o gatilho para o clímax.

Todos os orgasmos valem.

Orgasmos múltiplos

Esta expressão designa a capacidade de alcançar vários orgasmos sucessivos, separados por escassos segundos ou minutos. Muitas mulheres referem ter esta capacidade  sobretudo a partir de uma certa idade – entre os 30 eos 40 anos – que é quando a mulher conhece melhor o seu corpo e eventualmente já superou preconceitos e está mais segura do que precisa e quer.

No entanto ter orgasmos múltiplos não deve ser uma obsessão.

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